BOLSONARO NO RODA VIVA - PARTE 1


UMA SIMPLES ANÁLISE DA ENTREVISTA DO DEPUTADO FEDERAL JAIR BOLSONARO AO PROGRAMA RODA VIVA NO DIA 30JUL2018



A ideia aqui é apresentar percepções pessoais que tive ao assistir a entrevista do Deputado e Presidenciável Jair Bolsonaro. 

Primeiramente queria expor uma impressão que tenho sobre a mídia atual e a sociedade como um todo. Cada vez mais é patente o vislumbre que as pessoas têm pelas palavras. Para muitos as palavras possuem mais força e são uma verdade maior que as próprias atitudes das pessoas. Não importa mais a ação, ou melhor, a realidade objetiva, mas o que as pessoas discursam ou narram sobre aquela ação. Assim se afastam da realidade e entram no campo da subjetividade da retórica. Portanto é entendível agora o porquê de algumas pessoas considerarem um condenando em duas instâncias, que teve liberdade negada em quatro, ser considerado uma pessoa boa e honesta por uma parcela, pois esta mesma parcela se vislumbra mais com palavras do que ações. Ou ainda uma parcela considerável considerar o socialismo como uma coisa boa, desconsiderando todos os assassinatos causados diretamente pelo simples fato de discordar desta premissa ou mantra ideológico.

Tendo esse entendimento sobre ações e palavras ocas, ficou claro que a maior qualidade do programa Roda Viva foi expor o comportamento dos jornalistas que escrevem nos jornais e revistas do Brasil. É possível facear entrevistados com fatos e contradições sem atacar o fator político, ou melhor, não souberam explorar as nuances comentadas por Bolsonaro em temas mais objetivos sobre propostas. O programa ficou pautado, praticamente, nas questões sobre a Ditadura, período o qual o brasileiro médio e pobre não possuem mágoas, portanto o tema ficou voltado para jovens que só viram Governos do MDB, PSDB e PT e para militantes. Os grandes problemas como 13 milhões de desempregados, 50.000 homicídios por ano, morte de policiais, cerca de 50% da população sem saneamento, etc, ficou de fora da entrevista. Vendo a entrevista mais uma vez, fica mais perceptível a falta de preparo dos jornalistas e o viés ideológico de alguns deles, bem como a intenção de "lacrar" alguma matéria. Tentaremos comentar o maior número de perguntas o possível, falando o que entendemos das perguntas e das respostas.


Primeiramente foi perguntado qual a marca, caso eleito, o Deputado gostaria de ter na história. No nosso ponto de vista a resposta surpreendeu ao mesmo tempo que polarizou e expos a atmosfera marxista (Nelson Rodrigues) em que vivemos. Coloca as ideias liberais, na mesa, sobre comércio e crescimento do Brasil, mas volta falando a questões de costumes na educação família etc. Fala sobre segurança e o homem do campo, alfinetando o MST. Tal questão é ponto chave da sua campanha. Depois o entrevistador, Ricardo Lessa, claro com seu pensamento materialista, pergunta alguma obra comparando as obras de Vargas como a CLT ou o Plano Real do FHC. Aqui ficou claro o viés do Ricardo Lessa em achar que o materialismo é aquilo que move o mundo nas as ideias e ações. Depois Bolsonaro fala que sua obra será transformar a economia brasileira em liberal. Aqui ele tenta alcançar os liberais que possam ter dúvidas sobre suas ideias, contudo só suas ações poderão realmente oferecer essa concepção, mas acredito que o nome do Paulo Guedes como Ministro da Fazendo seria a maior demonstração de liberalismo entre os candidatos.

Na pergunta seguinte começa o show de incoerência. A jornalista do "Valor Econômico" pergunta sobre tortura e inicia as perguntas sobre Ditadura. Queria fazer uma pergunta direta ao portal ou site Valor Econômico: Não seria mais coerente perguntar sobre economia, já que é o carro chefe da empresa? Na resposta do Deputado, ele condena a tortura e falou sobre o contexto histórico do período, coisa esquecida por muitos, principalmente por pessoas com viés de esquerda, onde separam o sujeito histórico do idealistas, fato esse que podemos mencionar Che Guevera, Fidel, Mao, Stalin, enfim, todos assassinos que são venerados por discursos e palavras ocas, mas suas ações provam o contrário. Ao mesmo tempo que a jornalista joga a questão do Herzog, o candidato volta com Régis Carvalho que foi vítima da ação de grupos comunistas. Entra o dilema, por que um teria mais ou menos valor que outro? O melhor foi sugerir José Serra no banco dos réus, coisa que um parcela da esquerda gostaria, e citar o grande nome do Jornal O Globo, já que um dos jornalista escreve para o O Globo e outro esta fazendo biografia do Roberto Marinho.

A jornalista Daniela Lima comenta sobre a Procuradora Raquel Dodge pedindo ao Supremo para reabrir discussão sobre a Lei da Anistia. Ou seja, mostrou o caráter revisionista da procuradora, assim como vários setores de esquerda. A virada do Bolsonaro ao expor a PGR sobre a questão do voto impresso vai interessante, já que ele retira a discussão da Lei da Anistia e coloca a questão sobre a não consolidação do voto impresso, já que as urnas eletrônicas não possuem dispositivo de auditoria, a não ser por laudos próprios da empresa (vários estudos do professor Diego Aranha provaram a desconfiança das urnas). Nessa pergunta saiu uma insipiência, ou melhor, um despreparo da jornalista da Folha de São Paulo, alegando que a pessoa ao votar teria o voto impresso consigo e não depositaria numa urna. A questão do voto impresso é diferente. A pessoa iria checar se o voto impresso estaria em acordo com o digitado na máquina e colocaria ele numa urna para eventual conferência e auditoria. Depois que ela percebeu a gafe, tenta mudar o rumo da pergunta e toma logo uma sapatada de realidade sobre a preferência do povo. Inclusive Bolsonaro fala que ele é melhor recebido comparando as caravanas de Lula antes da caravana da prisão. Depois disso Bolsonaro deu um exemplo de isonomia e justiça falando que o resultado poderia ser questionado pelos dois lados, ou seja, ainda teria uma suspeição independente do resultado, já que a urna não possui essa confiabilidade.

Depois veio a pergunta do jornalista do O Globo Bernando Mello Franco tentando colocar nomes corruptos como aliados de Bolsonaro. Tal situação mostrou que o jornalista estava mais para "lacrar". Se realmente fosse inteligente, poderia reformular a pergunta fazendo uma pesquisa sobre quais votações Bolsonaro votou a favor das pautas de Cunha, Maluf e Jeferson, porém pretendeu criar uma imagem na cabeça dos espectadores de alguma aliança ou ligação de Bolsonaro com esses corruptos, que por sinal tinham mais afinidade e empatia com o PT até os escândalos. Mais um vez as palavras são mais valorizadas que a própria realidade. Bolsonaro é um dos poucos políticos que não responde por corrupção, portanto tentar associa-lo a corruptos não é producente. O jornalista teve que ouvir que Bolsonaro "foi o único" da base aliada a não ser comprado pelo PT, já que ele era do PP na época do Mensalão. Depois o jornalista tenta confundir o espectador com a história do dinheiro da JBS. Acredito que ele agiu por desconhecimento já que todo dinheiro público tem destinação, pois ele é dividido em iniciativas, fases, planos, natureza de despesa, etc. sendo assim o dinheiro devolvido da JBS não tem como ser o mesmo do partido, já que o mesmo deve comprovar-lo de acordo com as leis ficais e a destinação e modalidade de gasto do recurso. Um exemplo clássico, dependendo da natureza de despesa, o dinheiro deve ser gasto em serviço, material comum ou permanente, logo o dinheiro para comprar um carro de som para o partido (material permanente) seria diferente do dinheiro para comprar "santinho" (material comum) ou o dinheiro para instalar um outdoor (serviço). 




Depois da fatídica pergunta do Bernado e sua tentativa frustrada de associar Bolsonaro a corrupção, veio a pergunta da Thaís Oyama sobre um plano B para Paulo Guedes. Entendam a pergunta, ela está supondo que o candidato será eleito e supondo ainda uma possível briga entre Paulo Guedes e ele e qual seria a alternativa para o Paulo. Bolsonaro comenta que não haveria hipótese para essa separação, contudo sabemos que o jogo político não é esse e que possíveis desistências e trocas podem ocorrer, porém sabemos e torcemos que a essência do liberalismo do Paulo Guedes permanece mesmo com uma eventual troca. Entendam que o candidato também é aquilo que suas alianças e seus apoiadores pregam, portanto uma boa parte de suas alianças e apoios de hoje e do futuro irão apoiar a política liberal. Nessa mesma pergunta Bolsonaro ratifica a necessidade de aprovar a Reforma da Previdência.

Volta a questão da Ditadura com Leonencio Nossa, do O Estado de S. Paulo. Ele já começa adjetivando Dilma Roussef como heroína ou uma mártir. Pergunta se Bolsonaro teria peito para abrir arquivos sobre a Ditadura. Sinceramente acredito que ele deveria abrir, de forma ampla, mas será que a heroína de Leonencio e Lula não tiveram peito? Não seria esse período, o do PT no Governo, o melhor período para abrir tais arquivos? Onde estão esses arquivos? O repórter especial não tenha ideia que a lei sancionada pelo Governo petista fez cair o sigilo de confidencial e que os documentos têm uma temporalidade para se tornarem públicos. Não é o presidente que faz isso, mas uma lei que rege tal coisa. O repórter volta a afirmar que os Centros de Inteligência têm tais documentos... Acredito até que tenham, contudo cabe aqui comentar o que o próprio Bolsonaro comentou, que é bastante relevante, onde menciona e pergunta se ele acredita que os militares registraram qual a tortura fizeram. Será que não seria o contrário, os documentos estão com toda a sujeira feita pelo lado subversivo e isso foi o que realmente impediu Dilma e Lula de abrir tais documentos?

O bloco seguinte começa com uma pergunta do Frei David, do Educafro. Frei David defende que as cotas sejam ampliadas de 20% para 35%, inclusive defende tribunais raciais para determinar se o candidato realmente possui traços de negros. Defender tribunal racial é coisa de nazista, independente da essência da medida, até porque não existirá igualdade de oportunidade se o ensino de base for desigual, tanto é que temos faculdades baixando seu rigor para atender demandas políticas como essa, surgindo formados que não conseguem formular um silogismo com o mínimo de lógica. A pergunta dele já expõem uma questão incoerente. Se os cotistas estão em igualdade de notas ou com superioridade, por que não competir em igualdade? Isso não soa como privilégio? Bolsonaro diz justamente isso, sobre competir em igualdade e diz que a política é inconsciente já que exclui pobres brancos. É claro que nessa pergunta apareceria que a causa desse privilégio seria a dívida da escravidão. Thomas Sowell, um negro, diz que a escravidão ocorreu com o negro porque ele estava disponível. Se um asiático, um branco ou qualquer outra raça estivesse disponível seria escravizada, assim como o judeu foi no passado. Até hoje a África e o Oriente Médio sofre com guerras tribais que colocam tribos e castas submissas a outras, portanto o que houve naquela momento histórico foi a submissão de uma tribo a outra, sendo que o europeu e o africano dominante geraram comércio com tal coisa. Lógico que isso é desumano, contudo não existe esse revisionismo. Inclusive privilégios quanto a isso, abre margem para outros tipos de privilégios por diferentes causas. Será que o nordestino não merece privilégio? O indígena? O sertanejo? O pior argumento foi do Ricardo Lessa falando que o europeu era culpado porque pagava ao negro escravagista, ou seja, o negro escravagista é isento de seu passado por ser pago. Será que um assassino seria isento de culpa tratando-se de crimes encomendados? Lógico que não, cada um tem sua parcela de culpa e esse revisionismo histórico é absurdo assim como o sistema de cotas que mostra de forma clara a péssima administração estatal das escolas. Essa questão seria facilmente contornada pelo Bolsonaro se ele virasse e dissesse que só responderia ao cotista do programa, pois nenhum entrevistador era negro. Bolsonaro também poderia colocar em questão as cotas abertas na Bahia para transgêneros, travestis e ciganos (https://veja.abril.com.br/brasil/universidade-da-bahia-cria-cota-para-transgeneros-travestis-e-ciganos/), configurando uma tremenda falácia que as cotas seriam para uma dívida histórica.

O interessante é que a jornalista do Valor Econômico pega o gancho da questão de cotas e pergunta sobre privilégios, ou seja, a entrevistadora considera o sistema de cotas um privilégio. Então como ela consegue criticar os privilégios de policiais e militares sem relativizar? Não existe lógica cabível, a não ser que essa lógica venha da vontade de beneficiar um e prejudicar outro (ou equalizar). O ponto do Bolsonaro em equalizar é interessante, pois retirando certos privilégios de militares e policiais, eles teriam os mesmos direitos que um trabalhador normal? Poderiam negociar contrato como a nova lei trabalhista sugere? O STF já se decidiu que policiais militares e militares não podem fazer greve. Não sobrará nem a equalização, o que seria o mínimo, para policiais e militares.

A jornalista Thais Oyama vem com o jornal Tribune de Geneve da Suíça que fez matéria sobre Bolsonaro (https://www.tdg.ch/monde/ameriques/machiste-homophobe-raciste-trump-bresilien-cartonne/story/21919697). A matéria lembra as escritas pela Veja ou Isto é. Vejam a aceitação que a matéria teve, vejam também os comentários. Alguns são pertinentes dizendo que o Bolsonaro é o candidato dos desiludidos com as politicas de Lula e Cardoso.


Desta pergunta surge a comparação com Trump, onde Bolsonaro disse querer um Brasil grande. Nesse momento vem a patetice Leonencio Nossa com a analogia de Brasil grande e Brasil estatista. Tal afirmação mostra o reducionismo do repórter e seu viés ideológico. Bolsonaro depois disso explica que na época dos militares ocorreu estatizações e que hoje deveria ser privatizado. Bolsonaro mesmo fala que "abusaram", contudo percebemos até hoje que a infraestrutura do Governo Militar é importante até hoje e que ninguém mais investiu em infraestrutura. Para época o modelo era viável devido a situação política do país. Hoje não é mais e Bolsonaro deixou isso claro. Mais o interessante foi o Ricardo Lessa dizendo que não existia imprensa para apurar desvios. Se bem lembro a imprensa não apurou nada na Lava-Jato, inclusive o Lauro Jardim fez uma patetice com o cado JBS. Lessa tomou uma invertida interessante, onde o Deputado pergunta para ele se a Comissão não teria apurado isso. Leonencio fala de um almirante pego na Lava-Jato e tenta universaliza o erro de um. Claramente aqui os entrevistados tentam denegrir a imagem de militar de Bolsonaro, onde ele mesmo fala que quem errou deve pagar.

A jornalista Daniela Lima comenta um ponto interessante, porém ela se embananou no moral e legal. Bolsonaro receber auxilio moradia era legal, porém imoral já que ele tinha imóvel. Isso é um fato. Contudo quando ele virou o jogo para cima dela pergunta se um jornalista ganhando Pessoa Jurídica se isso não seria imoral já que supostamente pagaria menos imposto de renda. Ela diz que isso é legal e a mesma toma a resposta que o dele também é legal, porém ambos imorais, já que a pessoa procura receber por Pessoa Jurídica justamente para pagar menos impostos. Nessa resposta Bernardo Mello vem com a questão do racismo. O despreparo e o relativismo é tão grande que o entrevistador não sabe diferenciar crime de racismo e injúria racial, contudo a Daniela Lima veio em auxilio e começa a argui o candidato sobre sistema métrico. A frase que ela usa já dá margem a relativização.

Depois Bernardo pergunta o porque de Bolsonaro não ter se preparado depois de 28 anos de mandato de deputado em questões de economia. O Deputado disse que não fez parte das Comissões que tratam de economia e de Saúde e que isso não desabitaria ele e afirma que as Comissões não funcionam direito comentando que a última CPI que funcionou foi a vinte anos atrás. Bernardo faz mais um tentativa de colocar Cunha como aliado de Bolsonaro. Essa tara por Cunha não acabou e mostrou ao Bolsonaro onde a esquerda irá minar nos debates, já que Bolsonaro terá ampla munição com a Lava-Jato e todas as condenações e casos de corrupção que envolvem outros candidatos, inclusive alianças. Imagina a Manuela D'Ávila acusando Bolsonaro de aliado de Cunha, sendo que a mesma foi ao palanque de Lula, junto com Boulos, quando o ex-presidente tinha mandado de prisão decretado. Acredito que é mais fácil provar cumplicidade e apoio de Manuela, Boulos e Ciro utilizando a mesma lógica de Bernardo Mello, ou seja, a lógica de imagem que colocaria Lula e Aécio aliados. A mediocridade do entrevistador é tão grande que corrige o Deputado sobre a Senadora Ana Amélia.

Oyama fala que Bolsonaro muda muito de opinião, que ele apoiou Chavez. Acho que ficou claro para todos quem mudou de opinião. Outro aspecto também é o seguinte e com esse aspecto entendemos metade da política externa da esquerda. Se eu te apoio e você começa a fazer besteiras, tenho que te apoiar até o final, independente dos métodos, porque a causa é maior e mais importante. Ou seja, não se pode mudar de opinião quanto a X, Y e Z devido a causa final. Acredito que a democracia é convencimento na forma de argumentos. É fazer com que o adversário política entenda seus argumentos e tenha flexibilidade na sua opinião e até mudá-la se for o caso. Portanto para o esquerdista a opinião nunca pode mudar, não importa se Daniel Ortega esta matando, de Maduro está matando ou qualquer outro Ditador transvestido de democrático, o que importa é a causa escatológica do socialismo.

Acabo aqui a primeira parte da análise da entrevista (minuto 48).





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