VINGADORES - GUERRA INFINITA (VISÃO POLÍTICA)


O GRANDE LÍDER APAIXONADO E ALTRÚISTA DESTRÓI O UNIVERSO - SPOLIER



       Cinema é diversão e entretenimento. Os filmes de heróis ganham muita projeção, não só pelos fãs, mas por apresentar uma realização, mesmo que imaginária, de satisfação ao ver o mocinha vencer. Diferentemente da vertente mentirosa rousseauniana que acredita que todos nascem bons e o mau é passado pelo sistema ou a sociedade, o ser humano tem o instinto prudente de acreditar que nem todos são bons e que o mau existe. Lógico que certas visões podem se deturpar no transcorrer da narrativa, como Luke Skywalker querendo matar Kylo Ren. Portanto, querido alguns ou não, é possível tirar lições filosóficas dos filmes (se não aprendeu nada com a trilogia Batman do Nolan é porque és um alienado).
          
         Gostaria de expor aqui algumas considerações sobre o novo filme dos Vingadores. Nesta nova fase de crossover, Thanos surge como grande vilão. Um vilão não tão caricato como o de costume, ou seja, aquele de aspecto demoníaco com risadas exageradas e diabólicas. Pelo contrario, a todo filme se vende como defensor da humanidade e do seu progresso. Acredita na sustentabilidade e no controle populacional. Um pouco do discurso de Thanos nos faz lembrar dos malthusianismo (população crescendo em Progressão Geométrica e recursos em Progressão Aritmética). Dessa forma, o conceito do malthusianismo é aumentado de forma universal por Thanos, bem como o controle populacional (lembrando inclusive o que prega abortistas e a ONU - a página da ONU Brasil chama de políticas reprodutivas). Um dos métodos de controle que Thanos prega e tenta colocar em prática por todo filme (e consegue no fim) é matar metade de população do universo. Conta a história do planeta de Gamora. Nesta história ele conta que metade da população foi exterminada (genocídio) independente de qualquer coisa, ou seja, morreram ricos e pobres (isso fica bem claro nas palavras de Thanos). Ou seja, ocorre um genocídio justo, segundo Thanos.



           Aprendi a pouco tempo sobre o triângulo dramático de Karpman. De forma bem resumida, o triângulo consiste num herói, num vilão e numa vítima, contudo o herói pode se transformar em vilão. No caso Thanos se apresenta como o Salvador da humanidade, sendo que, para isso, o mesmo esta determinado a eliminar suas filhas (matando uma e torturando outra), sacrificar seus aliados jogando-os em combates e exterminar pessoas inocentes. Thanos tem o pensamento extremamente materialista e desconsidera o caráter evolutivo do universo (no nosso caso fazendo paralelo com a humanidade). Quando o mundo viveu uma crise falando sobre as jazidas de cobre, alegando que iria acabar o cobre do mundo, o próprio homem conseguiu superar as expectativas. Hoje temos a fibra ótica, por exemplo. A mesma coisa esta acontecendo com água potável e combustíveis fósseis. 

        Thanos parece um dos "fascistas do bem" que percebemos nas capas dos jornais e nos telejornais. Os "ungidos" que querem nos "salvar" de nós mesmos. Esses "ungidos" são todos científicos e metódicos, mas não conseguem mensurar ou idealizar a consequência das ações para "tornar o mundo melhor". Assim como esses ungidos, Thanos tem a promessa de um mundo melhor, mais igualitário, fraternal e livre. Não passa de mais um promovedor de tábula rasa, porém seus métodos são brutais de forma a invadir um planeta e dizimar em poucos minutos metade da população. O Rodrigo Constantino escreve bem um comparativo entre a idéia de Thanos e o Livro Emílio de Rousseau: 

"O “pai do totalitarismo” moderno ilustra bem o perfil. Em seu Emile há uma confissão: “O que era mais difícil de ser destruído dentro de mim era uma misantropia orgulhosa, uma certa acrimônia contra os ricos e os felizes do mundo, como se eles estivessem nessa situação à minha custa, como se sua alegada felicidade tivesse sido usurpada de mim”. Movido por tal sentimento, Rousseau passaria a incorporar a voz da “vontade geral”, e estava disposto a forçar o homem a ser “livre”. Quanto amor pela “Humanidade” sentia aquele que abandonou todos os seus cinco filhos!"

         Assim como Thanos podemos citar aqui vários "líderes" que acreditam que a diminuição da população é solução coerente. Além de Malthus, temos Soros, Rockfeller, Ted Turner (dono da CNN) e a própria ONU. Vejam esse documentário dos nossos Thanos do século mais sangrento de todos:




     A ONU também não fica atrás com suas políticas e, a todo momento, apresenta "estudos" sobre os benefícios do aborto (entenda controle populacional), vejam:

"A capacidade das mulheres fazerem escolhas gratuitas para si e para suas famílias não deve ser privilégio reservado aos ricos, mas deve ser o direito de todas as mulheres e meninas de todo o mundo. O mesmo se aplica ao direito à saúde e à liberdade de discriminação. Instamos os Estados a garantir que suas leis, políticas e práticas sejam baseadas nos Direitos Humanos e no reconhecimento da dignidade e da autonomia das mulheres"

"Muitos fatores contribuem para que às mulheres sejam negadas serviços essenciais de saúde que lhes permitam terminar a gravidez e ter cuidados pós-aborto. Estes incluem a criminalização, a redução da disponibilidade de serviços, a estigmatização, a dissuasão e as atitudes depreciativas dos profissionais de saúde. Esses fatores levam milhões de mulheres a abortos inseguros e deixam-nas sem tratamento essencial para sua recuperação."

       O documento, que pede o dia internacional do aborto seguro, é assinado por Kamala Chandrakirana, presidente-relatora do Grupo de Trabalho sobre a discriminação contra as mulheres; Dubravka Šimonović, relatora especial sobre a violência contra as mulheres; Dainius Pūras, relator especial sobre o direito universal do mais alto padrão atingível de saúde física e mental. Fica assim mais que claro a intenção de colocar o aborto no rol dos Direitos Humanos. Se tal coisa ocorrer, a vida deixará de ser um Direito Natural, sendo assim talvez os genocídios em nome do controle populacional deixe de ser anti-ético e criminoso, até porque já houveram tais atrocidades na Alemanha nazista, na URSS, na China e no  Camboja. Talvez Thanos não tenha esse tempo de formação ética.

            Além do discurso abortista, outras são usados sem a menor certeza sobre o tema. É o caso do aquecimento global. O Fundo da População das Nações Unidas (UNFPA) produziu O documento "O Estado da População 2009", de 104 páginas, que ainda destaca a importância da criação de políticas para apoiar as mulheres que, segundo a ONU, estão entre as maiores vítimas dos efeitos do aquecimento global (quê?):

“As mulheres têm mais chances do que os homens de morrer em desastres naturais. E este fato é ainda mais gritante em regiões onde as rendas são menores e as diferenças entre os sexos são maiores”

“Os cálculos da contribuição do crescimento demográfico no aumento das emissões produzem descobertas concretas de que o avanço da população no passado foi responsável por entre 40% a 60% do aumento das emissões”

            Enfim, todas essas discursos só refletem no desejo de Thanos em controlar tudo e todos com o objetivo messiânico e altruísta de salvar o mundo, seja por métodos maquiavélicos no mundo da sétima arte, seja pela construção de narrativas do mundo real, apesar de termos exemplos históricos de genocídios em nome do bem estar dos altruístas iguais a Thanos. É claro que a ação individual de cada herói deseja acabar com todo esse desejo coletivista do vilão maquiado de Salvador, portanto a ação do indivíduo deve ser respeitado e a capacidade humana não deve ser subestimada aos olhos dos "ungidos", até porquê esses se impressionam mais com palavras do que ações, vide entrevista de Eric Hobsbawm ao ser confrontado com a matança na antiga URSS (entre minutos 12 e 15):



       Voltando ao filme, o que fica bem difícil considerando vários exemplos de misantropia e utilitarismo que o mundo apresenta e que podemos, certamente, fazer paralelo ao filme. Thanos deseja o poder absoluto que pode ser concedido através do domínio das jóias. Tal atitude comprova a teoria de Lord Acton, onde o mesmo diz que o poder absoluto corrompe qualquer ser humano. Thanos é alguém de bons modos e no final aparece o personagem contemplando o sol, numa cena que remete a uma paz de espírito. Para tal personagem, ele está numa cruzada moralista que permite matar pessoas em nome de um "bem maior". C. S. Lewis dizia que o "fascista do bem" não para nunca, pois seu propósito é maior que ele mesmo. Se é maior que ele, será provavelmente maior que todos a sua volta, dando a idéia que a morte de outros torna-se justificável. Sowell diz que tais "ungidos" desejam salvar a humanidade da sua condição patética. Essas considerações nos faz crer Thanos poderia ser um simbolismo de Stalin ou um Pol Pot, inclusive quando Thanos realça o método aleatório de suas mortes, contudo quando ele invade planetas, fica nítido (flashback com Gamora) seu caráter eugenista e/ou uma certa preferência pelos que morrem. Ou seja, a eugenia esta no início de sua cruzada, mas o caráter aleatório aparece apenas com o poder absoluto.

          O sacrifício que Thanos faz de sua filha não é novo no Ocidente, o que vem desde Agamemnon sacrificando sua filha para invadir Tróia. Nos dois casos, a causa e o desejo de poder é maior que seu amor pelo próximo. Então qualquer sacrifício depois disso torna-se irrelevante. Por que isto é importante? Muitos ignoram a cultura pop, mas ela esta cheia de referências que podem elucidar e exemplificar o real caráter dos homens e mulheres que buscam e poder, portanto não podemos ignorar as diversas formas de arte. Lenin, Hitler e outros usavam muito o cinema para passar mensagens. Tolkien e Lewis abusaram das referências em heróis (e suas ações individuais) lutando contra mostrou perversos que alegavam trazer uma verdadeira paz ou um novo reino de justiça.

          Pobre do povo que tem um herói ou pobre do povo que tem um herói errado? Fica a dúvida em momentos onde a sociedade clama por qualquer um para ser seu herói. Dentro deste contexto temos Thanos, que figura líderes populistas que escondem sua real necessidade de domínio e absorção de poder. Nada incomparável ao que o PT fez por todos esses anos, ou seja, adquirir poder de diversas formas. Seja manipulando os currículos escolares ou criando grupos de empresas campeãs para emprestar dinheiro (do povo) com juros camaradas. A cultura ocidental esta carente de heróis desde o fim da Segunda Guerra. Contudo temos várias referências de vilões que querem acabar com a população. Podemos falar até sobre o último filme do Dan Brown onde o vilão diz fazer um bem ao lançar um vírus para destruir metade da população do planeta. Nada além de um discurso neomalthusiano. Shakespeare disse que o "Príncipe das trevas é um gentleman". Alguns símbolos vêm para solucionar problemas, mas na verdade ele não se importa. Algo meio vilões de James Bond. Todos alegam que fazem o bem, mas destroem seus países, por exemplo Mao, Kim Jung-il, Fidel... É em cima disso que surge a carência por heróis, alguém que encare esses arquétipos ou dos mitos gregos. Podemos fazer um paralelo (chulo) com o Brasil nos últimos dias, quando foi Lula preso, muitos dos lulistas queriam que os contrários morressem gerando a ideia de um Zeus, onde esse ama e odeia ao mesmo tempo. O caráter misantropo de alguns "ungidos" é até previsível. Podemos citar alguns: David Ross Brower, ambientalista, dizia que as mortes em guerra, apesar de catastróficas, não era maior uma maior catástrofe que as invasões de montanhas e áreas selvagens; Jacques Cousteau  disse que para estabilizar a população deveriam matar 350 mil pessoas por dia. Reconhece que isto era ruim, mas seria pior não dizer a verdade; e o Principe Filipe, Duque de Edimburgo, gostaria de voltar numa reencarnação como um vírus para matar vários humanos. Não estranho o Duque ser um dos primeiros presidentes da WWF que apoiou o projeto Tamar em seu início, formando assim o discursos que hoje nos deparamos em que um ovo de tartaruga é mais protegido e tem mais valor que uma vida humana. Ninguém questiona a importância de defender um ovo de tartaruga, mas a todo momento existem pessoas que se manifestam a favor do aborto. Não obstante, assistindo a série The Crown, do Netflix, bastante fidedigna com a realidade, a vida do Duque é exposto de forma interessante mostrando sua luta para se afastar do nazismo.

          Como a vida imita a arte, ou o contrário, citamos várias referências que podem permear o imaginário de roteiristas e diretores, ou não. Mas não podemos nos esquecer que as mensagens que os filmes, séries, novelas e programas passam são referenciados na atualidade e todos surtem efeitos diferentes ou coletivizados nas cabeças dos espectadores. Portanto todo e qualquer discurso realizado em cima dessas obras, ou ainda, todo e qualquer discurso que a arte passa pode e será interpretado de acordo com a verossimilidade do mundo atual.

Comentários

  1. O núcleo dos Guardiões funciona perfeitamente com Thor, tanto na parte cômica quanto na dramática. Amei ver a Karen Gillan no filme, é uma das jovens atrizes que melhor se veste e a tem a carreira em crescimento, a vi faz pouco tempo em Jumanji e é algo diferente ao que estamos acostumados com ela, se vê espetacular. Ela se compromete com os seus personagens e sempre deixa uma grande sensação ao espectador.

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