ÉTICA NO ILUMINISMO


QUAL MODELO O MELHOR MODELO PARA O BRASIL?



A cegueira ideológica tornou-se um “mantra”. A todo instante a razão é vendida como ideia única de coerência e verdade através da ideologia, sendo assim a ideologia passa a ser inquestionável e detentora de todas as respostas. 

A razão deveria ser usada para analisar de forma mais empírica o comportamento do homem, suas necessidades, suas história, seus afetos e seus anseios de autonomia.

O projeto Iluminista é considerado obsoleto, uma ilusão ou mesmo desilusão. Ele supõe uma “emancipação e uma civilização universais”. Uma encarnação do “imperialismo cultural ocidental”. Tal fato passa a ser coerente ao nos depararmos com toda essa nova forma de cultura imanente e que atende a nichos distintos, mas que se unem quando a causa se transfere ao político. O Imperialismo da Cultura Ocidental está se transmutando em algo cada vez mais progressista ditando o certo e o errado e contrariando o transcendental e classificando o mesmo como obsoleto. No Brasil funkeiros se tornam pensadores contemporâneos e poetas e escritores renomados não fazem mais parte dos currículos escolares, cada vez mais politizados e doutrinadores. Qual o princípio deste processo que diz trazer a “razão”?

Os filósofos franceses viam no Iluminismo uma liberação para enaltecer a razão acima da religião, o pós-moderno vê a razão tão tirânica e “totalizante” como a própria religião. Tocqueville chama de moeurs: “os hábitos do intelecto” e os “hábitos do coração” que perfazem “a totalidade do estado moral e intelectual do povo”. O Iluminismo tira a virtude de seus traços e coloca a razão invariável na cabeça da lista dos traços iluministas (franceses). Diferentemente do Iluminismo britânicoque colocou as virtudes sociais como foco (compaixão, benevolência, simpatia). Para os britânicos as virtudes sócias quando natural, instintiva e habitual unem as pessoas. Portanto para os britânicos a razão tem papel secundário no seu Iluminismo.

No Iluminismo britânico, conforme Franco Venturi, os pensadores não se consideravam uma classe ou um grupo distinto. Diferentemente dos franceses que se consideravam centro de todo o saber em apresentar o mundo como algo totalmente inteligível, não desigual é a intelligentsia brasileira que subjuga os brasileiros, afinal quem nunca foi colocado dentro do grupo dos “analfabetos políticos”. “Não operavam como força política nova e autônoma, que visava questionar ou substituir órgãos herdados do passado”. Apenas na Escócia “uma nova intelligentsia, cônscia de sua própria função e força”, como se contrária às classes dominantes tradicionais. Então, vamos a inspiração dos britânicos.

Sócrates trouxe a filosofia dos céus para fazê-la habitar entre os homens. Alguns pensadores devem tirá-la das estantes das bibliotecas, escolas e faculdades, mas não com o sentido de deturpar ou relativizar sua filosofia, mas trazer a interpretação da realidade objetiva que está por trás de seu pensamento, como Platão e Aristoteles fizeram.

Levando-se em consideração os três principais Iluminismos (Britânico, Francês e Americano), temos que ter a noção que eles produziram trabalhos intelectuais relevantes. Tal coisa também deve ser feito agora. No Brasil tivemos décadas de domínio da esquerda dentro das instituições pensantes e é evidente o Iluminismo francês nas questões intelectuais, pelo menos toda base teórica de Marx veio de sua análise da Revolução Francesa. Neste momento oportuno a direita deve produzir também para chegar ao equilíbrio assim como o Americano fez com o Iluminismo Francês e Britânico. Poucos são aqueles que produzem sua obra não se limitando ao imanente e depois transformar-se em acumuladores de pó. Devem ser produções transcendentais de modo a influenciar gerações. Como por exemplo Ayn Rand nos EUA (já na era moderna) ou Edmund Wilson, no Reino Unido Burke, Gibbon, Hume, dentro outros.

Tal coisa será difícil, pois sabemos que os pós-modernos da esquerda usam muito bem a linguagem, sendo que ela é frequentemente transfigurada em realidade ou o que se passar por ela. Isso foi usado por Rousseau no “Primeiro Discurso”, em 1750. Portanto não estamos numa época esclarecida assim como Rousseau não estava, já que a linguagem pode dissimular a realidade. A dúvida de Immanuel Kant ainda permanece: “Vivemos, atualmente, numa era esclarecida? A resposta é: não, mas em uma era de esclarecimento”.



Profetizando, voltaremos a ouvir termos como imperialismo, obscurantismo, colonialismo, já que a linguagem será a ferramenta daqueles que subjugarão a realidade. Nesse mar de incertezas provocadas pela linguística, nada será tão atual quanto às palavras irônicas de Burke sobre “crimes patrióticos de uma época esclarecida, do “refinamento na injustiça pertencente à filosofia desta época esclarecida”, dos “usuários ‘esclarecidos’” que confiscavam propriedades da Igreja, das “densas trevas desta época esclarecida”. Ou melhor, teremos pessoas dizendo que a época da esquerda no poder era melhor, apesar do Mensalão, Petrolão, do apoio a Ditaduras Latinas, Africanas e Asiáticas, dos empréstimos do BNDES, do aparelhamento estatal, do aparelhamento do Judiciário, de toda a esquematização para perdurar no poder, além das cuspidas em adversários e em cidadãos indignados, dos xingamentos cujo o conteúdo não apresenta a realidade, dos rótulos e dos discursos inflamados daqueles que diziam chamar o exército do MST, que pregavam desobediência civil, que vandalizavam e ate aqueles que esfaquearam político que pensava contrário ao “dominante”.

Juntando a dúvida de Kant e as palavras de Burke, o período que estamos prestes a viver deve gerar um verdadeiro esclarecimento. Uma proposta de Iluminismo brasileiro (claro que isso seria algo muito extravagante e imaginária) para, de novo comentando, criar um equilíbrio intelectual, até porque temos vivido sobre as rédeas franceses desde o positivismo que gerou nossa república. Agora mais do que nunca, as palavras de Nelson Rodrigues voltam a ter sentido:

"No Brasil, o marxismo adquiriu uma forma difusa, volatizada, atmosférica. É-se marxista sem estudar, sem pensar, sem ler, sem escrever, apenas respirando".

Devemos equilibrar!

Depois da ascensão da esquerda no poder, a direita ficou mais marginalizada ainda. Perdeu espaço, o qual já era reduzido devido a analogia criada entre direita e Ditadura militar. Continuo com Rodrigues:

“Hoje, o não-marxista sente-se marginalizado, uma espécie de leproso político, ideológico, cultural etc. Só um herói, ou um santo, ou um louco, ousaria confessar publicamente: 'Meus senhores e minhas senhoras, eu não sou marxista, nunca fui marxista.' E mais: 'Considero os marxistas de minhas relações uns débeis mentais de babar na gravata.'"

Equilíbrio deve ser atingido assim como franceses e britânicos possuíam. Os britânicos simpatizavam com a hostilidade dos philosophes(filósofos do Iluminismo francês) para com uma igreja papista e uma monarquia autoritária, ambas descartardas por eles próprios, e os franceses podiam admirar a liberdade religiosa e política que encontravam na Inglaterra e que tanto almejavam. Contudo na França a “razão” era o foco do Iluminismo, era excelso e autoridade, tanto que Voltaire lançou declaração de guerra contra Igreja (Écrasez l’infâme “Esmague o infame”) e Diderot propôs “enforcar o último rei com as tripas do último padre” (nada diferente da pregação feminista no Brasil). Sendo assim a “razão”, tão buscada por esquerdistas, possui o sentido maquiavélico quando a autoridade determina ou justifica a violência e perseguição. 

No Iluminismo Britânico e Americano a igreja e a religião não foram o inimigo supremo. Foram compatíveis com o amplo espectro de crença e descrença, foram laicos e respeitaram a ideia laicista de Jesus Cristo que separa o Estado da metafísica religiosa: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. (Mateus 22:21).

Assim podemos dizer que não houve “luta pela cultura” nos EUA e no Reino Unido - diferentemente do que ocorre no Brasil, onde a esquerda tenta implementar um imperialismo cultural. Não houve perturbação para jogar pessoas contra outras, jogar o passado contra o presente, “confrontando sentimentos iluministas com instituições retrógradas e criando divisões intransponíveis entre razão e religião”. Ao contrário, a variedade de seitas religiosas foram garantia de liberdade e, por diversas vezes, instrumento de reforma social, bem como elevação social. Já aqui vemos duas vertentes: a primeira delas é a CNBB tentando se distanciar da realidade cristã adotando a Teologia da Libertação como pressuposto doutrinário (por medo de perseguição ou por puro idealismo reformador e soberbo). A segunda vertente é aquela que acusa as religiões de edificar uma moral considerada “ultrapassada” (ao mesmo tempo evoluída por séculos), gerando as cenas mais bizarras o possível como a introdução de crucifixos no ânus. Será que isso se aproxima da razão francesa ou da moralidade britânica? Manchar e declarar guerra contra a religião, bem como o salvo conduto da autoridade respaldam tal atitude, inclusive dando teor linguístico de revolucionário e progressista.

Assim os Iluminismos britânico e americano se afastam do francês. O primeiro possui como fonte propulsora as “virtudes sociais” ou “afecções sociais”. O segundo a “liberdade política”. Em ambos a “razão” não era um fim em si, mas instrumento de obtenção de um fim social mais amplo. A religião foi aliada, não uma inimiga. John Adams dizia que a Constituição Americana atendia apenas aquele povo e a comunidade com moral judaico-cristão. As comunidades se edificaram ao redor de Igrejas e a benevolência era potencializada pela fé.

Disso tiremos que a política da liberdade americana é tão preservada pelos mesmos. É algo transcendental que perdura e qualquer coisa que venha a ameaçá-la é logo refratada, apesar de intensos debates como a questão do porte de armas.

No meu ponto de vista o temperamento da política brasileira deveria ser reformista não revolucionário, assim como o britânico naquele tempo, para trazer a real liberdade, não essa liberdade hedonista que a esquerda presa ao mesmo tempo que retira liberdades individuais. Ou seja, precisamos de algo reformista e moderado, que seja prudente e que tenha resultados planejados para garantir a autonomia do indivíduo. Dessa forma teremos reformas de cunho pragmático e não utópica, com cautela e experimentação no desenvolvimento social. 

Claramente essas ideias e atitudes deverão prevalecer no cenário político a ser montado. Líderes políticos influentes terão o poder de moldar os novos rumos da sociedade, bem como ajustar a estruturar os termos do discurso que proporcionará a mudança do caldo cultural. Porém a primeira barreira a ser combatida é a de medir ou julgar tal propositura a luz do Iluminismo Francês, no caso brasileiro o marxismo. Ou melhor, analisar o resultado como se o resultado francês fosse o mais “racional” a ser obtido. Talvez essa seja a essência da oposição política a ser formada após as eleições, pois assim como os franceses consideravam o Iluminismo Britânico uma contrarrevolução, a esquerda brasileira considerará esse período de direita uma contrarrevolução que se iniciou nas manifestações de 2013. Eles são contrários à forma de confrontar o mundo com bom-sendo - o “senso-comum” como os filósofos britânicos diziam.

Inegavelmente os francesas acreditavam que o homem é uma tábula rasa. O próprio mito do bom selvagem de Rousseau é prova disso. A vertente britânica também tinha Locke que pensava assim, contudo Locke só era reverenciado em sua filosofia política. Atualmente sabemos que a teoria da Dupla-Herança exclui o pensamento de Locke e Rousseau e que o inatismo existe preso no DNA, ou seja, predisposições, e se desenvolve mediante as experiências que serão influenciadas pela ethos(a ética desenvolvida até aquele instante), inclusive o inatismo voltado para ética, nos julgamentos sobre certo e errado. Locke não crê nisso, no inatismo moral, fazendo alusão a Regra de Ouro (Ética da Reciprocidade). Se encontrarmos alguém que não conheça tal regra, devemos partir que sua experiência ética não proporcionou evolução no Ser, ou melhor, eles não são apenas fruto do meio, mas também de uma dominância dos resultados das experiências de suas disposições genéticas gerando um ethosdentro da comunidade. Vejamos: Se fôssemos apenas fruto do meio, como Locke e Rousseau pregavam, toda criança que o pai oferta bebida desde cedo se tornaria um alcoólatra, mas nem todas têm predisposição ao vício. Todos que morassem em favelas deveriam ser bandidos, mas a minoria se volta ao crime. Logo não basta apenas o meio, mas as predisposições e as escolhas que cada um faz mediante ao ethos daquele momento, ou melhor e mais fácil de se explicar, de toda ética desenvolvida ao longo de sua vida, seja por experiência ou passagem. 

Podemos acreditar então que todos possuem predisposições diferentes e modelos éticos diferentes. Então o que devemos acreditar como certo. Aristóteles diz que devemos ser o moderado, o equilibrado, para ele o virtuoso. O homem munido da virtude é aquele voltado para o bem-comum, aquele que controla suas vontades e emoções e que não ultrapassa limites com outros indivíduos. Ao chegar nesse ponto de virtude, ele diz que o homem ocupa seu lugar cosmológico, a Eudamonia “felicidade”.

Mas Locke entende que a virtude é vantajosa, por isso aprovada, contribuindo aos interesses próprios e à felicidade, a promoção do prazer e à evasão da dor. Aqui já sabemos o porquê da influência de Locke no Iluminismo francês e este último no marxismo. Sabemos que a moral judaico-cristão traz o senso de sofrimento e que a religião era aliada do Iluminismo britânico, não do francês. No momento que afastamos a dor e buscamos o prazer, a pauta torna-se hedonista retirando inclusive a dor de uma escolha errada, a qual é transferida para o Estado que deverá prover tal escolha munido de “razão” (a qual sabemos que poderá estar intoxicada). Assim as coisas podem ser julgadas quanto às sensações, boas ou más apenas em referência ao prazer e a dor. Será que aqui percebemos o tanto que falamos de Direitos e pouco falamos de Deveres. Direito faz alusão ao prazer e Deveres a dor. Jordan Peterson fala que não devemos buscar o prazer ou a felicidade como meta em nossas vidas, pois como já falamos ela possui mais sofrimentos – essa é a realidade. Devemos ter objetivos e a realização desses nos trazem desenvolvimento, até por que a busca pela realização dos objetivos oferta momentos de dor e prazer, mas todos são aproveitáveis no sentido de crescer com as experiências. No final a base dos seus princípios morais e sua edificação ética serão o resultado dos processos atinentes a busca da realização do objetivo. Como iremos evoluir se deixamos as escolhas que causam dor para o Estado e apenas ficamos com as que causam prazer?

O Iluminismo Britânico oferta o meio termo, o virtuoso. Contudo sofreu críticas como o texto The Fable of Beesonde uma colmeia é composta por vários vícios e mesmo assim próspera, mas quando uma solução virtuosa aparece as abelhas se mudam para árvores ocas. Na época o texto foi bastante aceito por apresentar um conceito diferente e crítico. Esse conceito tem um erro cabal. Ele desconsidera a manufatura de motivação. A linha de raciocínio de Mandeville (autor do texto das abelhas) contra Shaftesbury esqueceu que o interesse privado pode beneficiar o bem comum. Quando uma pessoa desenvolve uma atividade, ela deve se sentir motivada a alcançar os patamares mais altos. A cada patamar alcançado, a pessoa deve ter uma recompensa para continuar avançando. Esse avanço pode e deve ter relações com o bem comum. Exemplos: um cientista motivado em desenvolver um projeto específico sobre reciclagem, um engenheiro desenvolvendo projetos sustentáveis, um médico descobrindo cura para doenças, um professor melhorando sua didática e ampliando seu conhecimento... Portanto as abelhas possuíam manufaturas de motivação que foram taxadas de vícios, logo esse era o equilíbrio daquela comunidade, foi a construção social criada e experimentada ao longo da vida da colmeia. Ao ser introduzida a razão para dentro da colmeia, ela ruiu. Ou seja, a crítica de Mendeville, ou meu ver, só trouxe mais certeza quanto a “sociologia moral” do Iluminismo Britânico.

Shaftesbury diz: “como o homem é criado para sociedade, deve nascer com um tipo de afeição pelo todo do qual ele é uma parte, e deve estar pronto para buscar o bem-estar dele”

A resposta de Mandeville veio com teor inesperado. Disse, em síntese, que a sociedade deve possuir o mal, caso contrário ela iria se dissolver assim como a colmeia. O mal falado por ele seria aquele natural ou moral. 

“Eu me deleito em ter demonstrado que nem as qualidade amigáveis nem as outras afecções do gênero são naturais ao homem, nem as virtudes reais que ele é capaz de adquirir pela razão e abnegação são os fundamentos da sociedade; mas o que chamamos mal nesse mundo, tanto moral quanto natural, é o grande princípio que nos faz criaturas sociáveis, a base sólida, a vida e o sustentáculo de todos os negócios e empresas, sem exceção; devemos, portanto, olhar para verdadeira origem de todas as artes e ciências e ver que, no momento em que o mal cessa, a sociedade se deteriora, se não se dissolve totalmente”

A resposta de Mandeville fortaleceu a idéia da ética social no Iluminismo britânico, a qual a mesma não derivava da razão e nem do interesse pessoal, mas do senso moral que inspirava simpatia, benevolência e compaixão pelos outros. Locke negava princípios inatos que sustentam a ética diferentemente dos outros iluministas britânicos. Ele visava a educação a fim de inculcar nas crianças sentimentos de “humanidade”, “benignidade” ou “compaixão”.

O senso moral antecede o interesse porque é universal em todos os homens. Devemos tomar atitudes porque são certas, não porque são apenas interessantes.Podemos aqui colocar o exemplo e a dúvida sobre o Bolsa Família. Será que o projeto foi feito com senso moral ou com interesse de perpetuação de poder? “Solidariedade” não pode ser produto do interesse pessoal porque envolve associação de alguém com experiências dolorosas, assim como com os sofrimentos e aflições de outrem. Desse mesmo modo, a “inclinação à compaixão” é essencialmente desinteressada, uma preocupação com “o interesse de outros sem visar nenhuma vantagem privada”.

A razão é “apenas um poder subserviente”, capaz de determinar os meios para promover o bem, mas não o fim mesmo, o impulso inato do bem. O senso moral é o atributo natural, necessário e universal do homem, fosse ele rico ou pobre, educado ou inculto, ilustrado ou ignorante. Tal senso é um corolário da razão e do interesse, mas anterior e independente de ambos. A razão sozinha não é “suficiente para virtude em uma criatura como o homem”; ela deve ser associada a compaixão, que seria “um chamado, um pedido da natureza consolar o infeliz, como a fome é um chamado natural por comida”.

Adam Smith diz que existem pessoas gostam de ter modelos, como por exemplo pessoas ricas ou famosas, para ter um ideal de felicidade. Existe prazer em observar essas pessoas, o que explica de certa forma o número de seguidores que algumas celebridades possuem em apenas mostrar seu dia a dia nas redes sociais. Tendo prazer nessas pessoas, temos um sentimento diferente com pessoas mais necessitadas, segundo Smith. “Desse tipo é a piedade e a compaixão, a emoção que sentimos pela miséria de outros quando a vemos ou a concebemos vivamente(...)”. Muita gente se diz altruísta e por isso mais empático com a esquerda em ajudar as pessoas, contudo elas sentem prazer na miséria, não na benevolência. Prazer em entrar “em seus corpos e nos tornamos em certa medida uma mesma pessoa como eles”. Fica fácil perceber uma camada da burguesia que faz da “benevolência” forçada um fetiche esquizofrênico. A coisa piora quando envolve o esteticismo, ou melhor, a necessidade de mostrar para seu grupo algo que te consolide como membro e até exemplo. Essa afirmação é detectável facilmente quando verificamos membros das classes mais abastadas querendo ajudar os mais pobres, mas não com suas forças, não com seus recursos, mas com as forças e recursos do Estado e impondo isso a terceiros, resguardando assim seus bens e criando imagem altruísta, porém atendendo apenas ao interesse pessoal e estético. Os pensadores iluministas britânicos alertam que tal comportamento não atende a afecção social, mas apenas a pessoa no sentido de interesse pessoal na ação. O ideal para Smith é “sensibilizar-se muito pelos outros e pouco por nós mesmos, que refrear nosso egoísmo e favorecer nossas afecções benevolentes, constitui a perfeição da natureza humana”. O homem sendo virtuoso está consumando sua própria natureza para seu próprio benefício. “O homem naturalmente deseja não apenas ser amado, mas ser amável. (...) Ele naturalmente teme não só ser odiado, mas odiável. (...) Ele deseja não apenas louvar, mas ser louvável. (...) Ele não teme apenas a culpa, mas a culpabilidade”. Tememos tanto ser desprezíveis quanto sermos desprezados. Nesse sentido os rótulos que alguns grupos colocam em determinados indivíduos pelos mais diversos motivos podem atacar a natureza humana do indivíduo, que de pronto tentará se afastar daquele rótulo. Assim o rótulo criará instabilidade na sensibilidade podendo gerar interrupções durante reflexões e o direcionamento do foco para tentar afastar o adjetivo.

Finalizando, proponho as reflexões: Nossa política hoje e no futuro atende a razão, que pode estar dissimulada e intoxicada, ou ao bem comum e ao senso comum? Devemos seguir a linha britânica ou francesa? Ou talvez a americana? Sua manufatura de motivação agrega ao bem comum ou é egoísta? E a do seu candidato, busca o pessoal e projeta poder para um grupo ou possui afecção social?





Comentários

  1. Só li verdades nesse blog...existe algum grupo onde aconteçam debates de temas semelhantes,ou desse tema? Preciso me conectar com pessoas que pensam como eu,pra agregar conhecimento

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