GULAGS DO ESPÍRITO - TEORIA DE GRAMSCI


GULAGS DO ESPÍRITO - TEORIA DE GRAMSCI




Para fazer esse texto, usei como base a explicação que o Flávio Gordon fez em seu livro (A Corrupção da Inteligência) e a bibliografia que usamos em nosso texto sobre Marxismo Cultural. A diferença é que esse está mais profunda.

Primeiramente, o autor deste texto parte da ideia que existe um pequeno grupo que monopoliza a criação e circulação de ideias na sociedade brasileira. O monopólio foi gerado através de acontecimentos históricos, no caso o principal foi a Ditadura, onde determinados grupos foram se encastelando nos setores de comunicação e educação, ou seja, longe da luta armada.

Aplico conceitos sobre mimetismo (teoria de Rene Girard que, a grosso modo, indica que o desejo é triangular: objeto, mediador ou modelo e o terceiro elemento) e conceito sobre a espiral do silêncio de Elisabeth Noelle-Neumann (um pessoa tende a ficar em silêncio num determinado grupo de opinião contrária à sua para não causar constrangimentos, porém esse pequeno grupo não representa a opinião pública média, apenas o simulacro desta por deter dos meios de difusão). Este último, o qual não conhecia, descobri no livro em lide.

A idéia é apresentar um pouco sobre as ideias de Gramsci no Brasil. O sociólogo marxista Michael Löwy diz em 3 out de 2014 no O Globo, diz sobre o gramschismo: “agora é que a história do socialismo está começando”. Essa afirmação passa a ideia que o socialismo soviético, bastente influente no Barsil (basta verificar as figuras estapadas nas paredes no discurso de Dilma Roussef) apresentou uma brutalidade similar ao nazifascismo. Essa brutalidade teve vários esquerdistas notáveis como cúmplices, ou seja, heróis ideológicos mais parecidos com anti-heróis. Assim as ideias de Gramsci tornaram-se, comparando-as com o modelo brutal soviético, “uma boia no mar revolto”. Aqui entra a frase Alain Besançoin: “Cada experiência comunista é recomeçada na inocência”.

Vamos explicar um pouco sobre o gramschismo e sua crítica ao modelo soviético. Gramsci percebeu que o capitalismo, já mais desenvolvido na sociedade, assim como suas superestruturas políticas, estava mais enraizado na sociedade ocidental e que o modelo marxista-leninista (tomada de poder a força) já não era apropriado, ou seja, uma Ditadura do Proletariado deveria ser conduzida com mão de ferro por uma vanguarda revolucionário. A história mostra que todos esses movimentos de força geraram grandes perdas aos países que sofreram essa implementação. Um dos conceitos de Gramsci que tornou-se moda entre os falantes (intelectuais) é “revolução passiva”. Gramsci acredita que a luta revolucionária oscila entre fases ativas e passivas. Os bolcheviques promoveram uma fase ativa. A análise de Gramsci sobre a sociedade ocidental e oriental trás algo de familiar para o brasileiro. Ele afirma que a sociedade oriental é mais dependente do Estado, diferentemente da sociedade Ocidental. Como o ocidente é mais autônomo, a Revolução passiva deve conduzir pequenas rupturas, quase imperceptíveis, que se acumulariam. Esse processo foi chamado de “hegemonia”. Pois bem, isso seria algo diferente daquilo que vivemos no Brasil? Comece a colocar novos conceitos, uma linguagem que manipula a realidade, comece a martelar determinadas agendas através da mídia, através da circulação de ideias nas academias, em trabalhos científicos... É claro que isso não é uma conspiração, mas uma consequência histórica que está começando a ter um contraponto. Isso corrobora com a diferença que Gramsci faz sobre “hegemonia” e controle. Este último é domínio, já o primeiro seria uma direção intelectual e moral. Isso não é familiar? Esse domínio tem a democracia como ferramenta já que a imposição de vontade de uma classe a outro é algo que exige dispêndio de recursos. Portanto a melhor forma de controle, a que menos "gaste recursos", seria a de difundir valores entre as classes, assim a classe dominante conseguirá dominar as outras, inclusive sem que essas percebam o domínio - algo enormemente subjetivo que deixará nossa existência em constante dúvida e vivendo sempre numa cinemática revolucionária. A democracia entra como ferramenta no que tange a difusão de valores e dá invólucro de legitimidade ao movimento. Isso pode ser percebido quando as vontades da esquerda não são atendidas e todos contrários recebem rótulos totalitários ou ditatoriais, dependendo do catálogo a ser usado. A hegemonia cultural deve ser por consenso e antes da conquista do Estado. Assim quando os partidos comunistas assumirem o controle, já existiria toda uma cultura predisposta a aceitar os mandos e desmandos do comunismo. Não é difícil verificar um Comunista dizendo que Stálin matou pouco, pois aquilo já é consensual no imaginário dele. Gramsci afirma que a nomenklatura precisará aplicar doses extremas de violência para submeter o povo ao projeto comunista, porque massas de trabalhadores estavam moldadas a valores, hábitos, tradições e gostos, em suma, a uma cultura conservadora, extremamente religiosa, que as impedia de desenvolver alma revolucionária. Para Gramsci esse molde conservador foi o fator que gerou o apogeu do Grande Terror stalinista. Ou seja, uma maneira de conter o “reacionarismo” dos insatisfeitos com a Revolução. Gramsci portanto conclui que se as pessoas já pensassem automaticamente como comunistas, haveria pouca resistência ou nenhuma quando da ulterior conquista do poder do Estado. Nas democracias, quando o povo está insatisfeito com o Governo, ele tem a chance de mudá-lo. Já no movimento comunista o Estado dissolve seu povo quando esse não concorda com o Estado. Todo socialista pensa da mesma forma, modificando apenas o método, assim todos desejam “homens de sistema”, fica o governo, muda-se o povo. Não foi Pepe Mujica que disse: “Os defeitos não sãodo PT. São da sociedade brasileira” (Jornal do Brasil, 27 de abril de 2016).

A hegemonia de Gramsci tem a capacidade de se manifestar criando consenso entre classes e grupos políticos diversos, sob a direção do partido que tenha tendências comunistas, configurando o “bloco histórico”. Alguém lembra do PT e seus blocos, Política das Campeãs, o PT agregando diversos movimentos civis, agregando partidos através de propina? Esse conceito veio de um filósofo comunista, Georges Sorel - outro admirador de Sorel foi Benito Mussolini. Isso contraria, para muitos, o senso comum de uma luta entre contrários absolutos, não uma luta fratricida. Um professor de Ciência Política de Berkley, James Gregor, tem uma obra sobre isso, The Faces os Janus: Marxism and Fascism in the Twentieth Century. Talvez essa tese se aplique ao Brasil no momento que um Governo dito de direita vence as eleições e encontra diversos discursos desconexos com a realidade num país onde o Presidente, rotulado de ditador e antidemocrático, avalia encaminhar PEC para ampliar liberdade de expressão e imprensa, além de querer garantir o direito de porte de arma. Qual ditador fez isso? Não entrando no mérito da paternidade do fascismo, a afirmação aplicada ao Presidente Bolsonaro, até agora, mostra o imaginário gramscista de uma camada da população, a qual é a minoria, já que Bolsonaro venceu as eleições através da maioria dos votos válidos. Só que esta minoria é falante e domina seguimentos. Será que os eleitores do Bolsonaro não estavam dentro da espiral de silêncio? Lembro que na campanha à presidência de 2018, existia uma ideia onde muita gente não dizia seu voto para amigos e pares do trabalho com algum receio de desaprovação ou constrangimento no grupo. Aliás esse constrangimento perante o grupo, além das maracutaias, é o que respalda alguns deputados a solicitarem voto secreto no Parlamento, o que para mim deveria ser proibido já que os eleitores também têm o direito e dever de verificar os resultados apresentados pelos seus candidatos.

Agora existe a dúvida: Como se exerceria a transferência de cultura da classe dirigente para o restante da sociedade? Domínio de uma vasta rede de instituições culturais (escolas, universidades, igrejas, jornais, mídia, etc - são os aparelhos privados de hegemonia). Para onde que os militares, durante o regime, conduziram os “subversivos” que não aderiram aos movimentos armadas? Os militares criaram uma válvula de escape para o movimento considerado subversivo justamente para os aparelhos privados de hegemonia. Veja que isso não foi planejado e nem visualizado pelos militares, cuja preocupação era a luta armada. Isso também não foi planejado pela esquerda, mas caiu como uma luva. Muita gente não acredita nisso, mas a escritora e ativista gramsciana MariaAntonietta Macciocchi diz: “Esse sistema ideológico envolve o cidadão por todos os lados, integra-o desde a infância no universo escolar e mais tarde na da Igreja, do exército, da justiça, da cultura, das diversões, e inclusive no sindicato, e assim até a morte, sem a menor trégua; essa prisão de mil janelas simboliza o reino da hegemonia...”

Alguém lembra qual foi a instituição que Dilma Roussef disse que a ideologia não entrou para modificar as mentes através da hegemonia? As Forças Armadas. Conseguiram entrar na Igreja (todas as vertentes), nas escolas (tivemos greve de estudantes, a coisa mais bizarra do mundo), entraram facilmente mas universidade, na justiça, na cultura (preste atenção nos temas hedonistas de músicas, novelas, livros), em movimentos sociais e no sindicato (sua base). Só não conseguiu iniciar o projeto de hegemonia nas Forças Armadas.

A conquista da hegemonia precisa de uma imensa atuação de “organizadores” e “persuasores permanente”, palavras de Gramsci. Agora sabemos de onde vem a proliferação de ONG, de conselhos, o motivo da Lei Rouanet, verbas publicitárias para financiar blogs, sites, jornais, revistas, jornalistas ou colaboradores, empresas de comunicação e de conteúdo artístico como um todo. Aos intelectuais cabe a responsabilidade de organizar uma cultura preexistente, porém antes deve desorganizá-la, assim pode reformular para preparar a chegada do movimento comunista. Gramsci distingue os intelectuais em duas categorias: tradicionais e orgânicos. Os primeiros são aqueles da continuidade histórica. Para o marxista, os clérigos são o exemplo perfeito de intelectual tradicional. Atualmente esses intelectuais estão fora de lugar devido as revoluções causadas pela burguesia, conforme diz Gramsci. Já os intelectuais orgânicos são aqueles produzidos dentro das classes. Segundo ele, esse grupo de intelectuais são responsavéis pela homogeneidade, organização e autoconsciencia das mesmas. Sendo assim ele exemplifica que o intelectual orgânico seria uma criação do dominante, um especialista em determinada função parcial de atividade originária e definidora de sua classe. Em seu livro "Os intelectuais e aorganização da cultura" ela dá o seguinte exemplo: "O empresário capitalista cria o técnico industrial, o cientista político, o organizador de uma nova cultura, de um novo direito etc. etc.". Esse conceito de Gramsci é interessante e foi aplicado no Brasil, o que é facilmente perceptível quando tudo se precisa da análise de um especialista que utiliza do "aparelho privado de hegemonia". Muitas vezes esses especialistas nem são da área correlata ao tema em questão, ou pior, apresentam, com extrema soberba, teorias deducionistas de gabinete ou de prateleira, todas intoxicadas por ideologia. É ululante que Gramsci se interessa pelo segundo grupo de intelectuais. Os intelectuais orgânicos da classe trabalhadora, para Gramsci, deverão promover a hegemonia comunista, superando a hegemonia capitalista. Ele ainda acredita que os intelectuais não devem ser caracterizados com base na sua atividade, mas pelo conjunto das relações sociais em que essa atividade está inserida. Também é ulutante que atualmente os trabalhos artísticos não mais são realizados ou avaliados com base na contemplação, beleza ou espiritualidade, mas com seu caráter social. Portanto não é difícil ler uma crítica de um filme da Marvel repleta de cacoetes que remetem à ideologia marxista ou algo oriundo da Escola de Frankfurt. Para o marxista italiano, todos são intelectuais orgânicos em potencial, seja um padre progressista, uma drag queen, um publicitário, um artista plástico, um ator, um jornalista, um professor e um cantor de axé... Todos esses podem ser intelectuais orgânicos, desde que trabalhem para a hegemonia comunista. Talvez agora já estamos entendendo o porquê do apoio a Rouanet e dizer que certas músicas e peças teatrais são um grito contra o capitalismo e a cultura burguesa. Walesca Popozuda é intelectual orgânica assim como MC Carol e “todos os seus hits” (Meu Deus, a alta cultura do Brasil sumiu). A falta de intelectuais tradicionais jogou o Brasil no ostracismo cultural. Não temos mais artistas que produzem obras que durem mais tempo que sua própria vida, ou pior, que dure até o próximo Verão.

A maioria esmagadora desses intelectuais orgânicos nunca leram Marx ou Gramsci, muito menos sabem sobre a crítica de Marx ao capitalismo, mas isso não importa. O que realmente importa é continuar a cantar e repetir algo contra "opressores", sobretudo se julgar o capitalismo. O próprio Gramsci disse: "Todos os homens são intelectuais, pode-se dizer, mas nem todos os homens desempenham a função de intelectuais”. Faço um desafio, quem nunca ouviu um progressista dizer que o senso comum deve ser mudado? É fácil achar videos no youtube com o Marcelo Freixo perturbando sobre isto. O pensador italiano afirma que o senso comum é a "filosofia dos não filósofos", portanto qualquer um com potencial de criar a hegemonia comunista poderá modificar o senso comum. Assim ele oferta não uma nova maneira de pensar, mas uma nova maneira de sentir. Já reparou que tudo atualmente envolve sentimento? Hoje tudo é motivo para se ofender. Canso de oferecer a leitura de Theodore Darymple, cuja teoria do sentimento tóxico é seu principal trabalho.

Outro elemento debatido por Gramsci é a religião. Para ele a religião é fonte do senso comum. O relacionamento da religião com o senso comum é muito mais íntimo e profundo comparando com o relacionamento estabelecido entre doutrinas filosóficas e ideologias políticas. Assim como Marx, Gramsci acredita que o cristianismo é um grande entrave na sociedade. Aqui que entra seu professor de história, ungido à Marx e Hobsbawn, tentando mostrar que entende sobre um mundo altamente complexo e com raizes profundas. Ou um cientista político tentando explicar o relacionamento de Israel com paises islâmicos através de uma pendência territorial. É muito mais complexo, mas todos esses intelectuais orgânicos não conseguem enxergar questões fora do cientificismo. Nem os marxistas revolucionários soviéticos conseguiram perceber que eram impotentes frente aos valores cristãos ortodoxos. Sabendo desse contexto soviético, Gramsci diz: “a necessidade de novas crenças populares, isto é, de um novo senso comum e, portanto, de uma nova cultura e de uma nova filosofia, que se enraíze na consciência popular com a mesma solidez e imperatividade das crenças tradicionais” (Cadernos do Cárcere). No Ocidente o principal inimigo do marxismo é o cristianismo. Diferentemente do islamismo, o cristianismo não defende o controle social. Até o mais ateu de todos não tem como negar, mediante análise, que a sociedade ocidental tem valores cristãos e que só por isso é possível ser ateu e gozar de certas liberdades. Tal coisa seria impossível numa sociedade islâmica, onde o controle social é muito forte. Jáexplicamos o porquê da esquerda mundial ter empatia com o mundo islâmico emtexto dess blog. Agora temos ataques ao capitalismo, ofertando a econimia islâmica.

Uma vez que despirmos a terminologia árabe, conceitos como zakat podem devolver nossas economias à configuração baseada no senso comum, transparente e eqüitativa que os arquitetos do capitalismo moderno imaginavam. Vejam essa matéria do siteEuronews. Ela parte do princípio que o capitalismo falhou e que a desigualdade é consequência do capitalismo. Ou seja, ninguém considerou o fato que os paises mais pobres são aqueles que os Governos e algumas entidades mais intervem, deixando o povo totalmente dependente do sistema. Assim a matéria oferta o modelo islâmico de imposto:

“Once we strip away the Arabic terminology, concepts like zakat can return our economies to the common sense-based, transparent and equitable set up that the architects of modern capitalism envisaged.

Uma vez que despirmos a terminologia árabe, conceitos como zakat podem devolver nossas economias à configuração baseada no senso comum, transparente e eqüitativa que os arquitetos do capitalismo moderno imaginavam.​

O interessante que esse pensamento nos faz pensar que o modelo capitalista não interage com a sociedade, não deixa os indivíduos livres para escolher diante de uma vasta concorrência, não cultiva o mérito, a iniciativa, a inovação, etc. Assim o modelo capitalista contribui com a evolução. Por analoia podemos considerar que o modelo de economia islâmica irá trazer modificações socias na cultura ocidental. Minha dúvida é, nos tornaríamos islâmicos a longo prazo ou não? Se considerarmos o modelo estanque, sem interação, o que impossível, a resposta é não. Daí a questão seria o funcionamento. Porém teríamos que promover modificações morais na sociedade ocidental que nos remeteria a valores islâmicos, chegando até ao controle social que essa religião possui. Vejam outro trecho da mesma matéria:

"To create societies where there is mutual respect and compassion, we need an environment of reconciliation between the elites and the masses. The only way to achieve this is through a wealth tax such as the payment of zakat - one of the pillars of Islam - and an effective tool in addressing our current issues. But first, to reform a failing capitalism, we need to fix two things: taxation and the interest rate system. Taxation is easier (and far less left field) to critique since there is an emerging consensus that the global tax system simply no longer works. Through a combination of tax avoidance schemes, tax havens and even relatively innocent methods like transfer pricing, high net worth individuals and their corporations have very little (if any) tax to pay on their wealth. In the absence of effective wealth taxes, governments have no choice but to enforce taxes that perhaps unfairly target the poor, like sales tax and inheritance tax. The injustice of some of these taxes further normalises tax avoidance and polarises society even more."

Para criar sociedades onde haja respeito mútuo e compaixão, precisamos de um ambiente de reconciliação entre as elites e as massas. A única maneira de conseguir isso é através de um imposto sobre a riqueza, como o pagamento do zakat - um dos pilares do Islã - e uma ferramenta eficaz para resolver nossos problemas atuais. Mas primeiro, para reformar um capitalismo fracassado, precisamos consertar duas coisas: a tributação e o sistema de taxas de juros. A tributação é mais fácil (e muito menos campo da esquerda) para a crítica, pois há um consenso emergente de que o sistema tributário global simplesmente não funciona mais. Através de uma combinação de esquemas de evasão fiscal, paraísos fiscais e até mesmo métodos relativamente inocentes, como preços de transferência, indivíduos de alta renda líquida e suas corporações têm muito pouco (se algum) imposto a pagar sobre sua riqueza. Na ausência de taxas de riqueza efetivas, os governos não têm outra escolha senão impor impostos que talvez visem injustamente os pobres, como o imposto sobre vendas e o imposto sobre heranças. A injustiça de alguns desses impostos normaliza ainda mais a evasão fiscal e polariza ainda mais a sociedade.

Alguém saber de onde vem esse discurso de taxar grandes fortunas? Estão atribuindo ao capitalismo um problema criminal, de acordos internacionais ou a soberania de determinados países que se tornam paraísos fiscais. Compare agora com o discurso do Cardeal Robert Sarah, um possível sucessor do Papa:

“Aqueles que buscam usar a Bíblia para promover a migração estão forçando uma falsa interpretação das escrituras”, declarou o cardeal Sarah em uma entrevista para uma revista francesa, a Valeurs Actuelles. Ele também classificou a migração em massa como uma “nova forma de escravidão”.

O cardeal tem chamado atenção por suas posições mais conservadoras sobre práticas litúrgicas, islamismo, migração e outras questões. Na entrevista à Valeurs Actualles, criticou padres e bispos que “dizem coisas confusas, imprecisas, vagas, para escaparem das críticas, e ‘se casam’ com a estúpida evolução do mundo”.

Sarah disse que na Europa a Igreja não deveria cooperar com a crescente aceitação pelos políticos da migração em massa para um continente tradicionalmente cristão. Voltando a ideia de Gramsci, quem quer destruir valores cristãos? Quem apoia a imigração e o multiculturalismo? Com certeza o Cardeal deve possuir algum rótulo do catálogo de xingamentos da esquerda mundial, mas “Se o Ocidente continuar nesse caminho fatal, há um grande risco de que, devido à falta de nascimentos, ele desapareça, invadido por estrangeiros, assim como Roma foi invadida por bárbaros ”, declarou o cardeal. E continuou: “Meu país é predominantemente muçulmano. Acho que sei de que realidade estou falando”.

Alias, essa ideia de querer transformar o Ocidente no meio do caos instalado, soa bastante com a ideia de Stalin querer dominar o mundo depois do “sucesso nazista”, caso a Alemanha saisse vitoriosa da Guerra e respeitasse o pacto entre as duas nações. Talvez não só de Stalin. Depois de atentados a cristãos no Sri Lanka, Barack Obama e Hilary Clinton mostraram na prática que não conseguem expressar o termo "cristão" para definir quem sofreu os atentados, porém a última candidata a presidência pelo partido democrata se expressa aos muçulmanos de forma mais clara e empática. Será que eles são intelectuais orgânicos fazendo uso da linguagem para modificar o imaginário? No Brasil vemos o gramscismo dentro da Igreja, ou seja, um aparelho privado de hegemonia.





















O combate a hegemonia exige diversos canais e contrapontos, mas isso não é o que o Brasil e o mundo percebem. Igrejas sendo queimadas e sofrendo atentados. Na última década, quase 1 milhão de cristãos foram mortos por serem cristãos. Repito, quem sempre quis acabar com valores cristãos? O interessante é que no Brasil temos uma doutrinação velada e sutíl dentro de Igrejas católicas. A CNBB sempre esta ao lado dos marxistas. A atuação informal dos sacerdotes penetra na consciência, sem nenhum intuito político delcarado, deixando marcas de um novo sentimento (lembra da nova forma de sentir?), novas atitudes morais, novas reações que no momento certo somaram na hegemonia comunista.



Nesse ponto o leitor deve estar em dúvida quem seria o grande organizador desses intelectuais, ou seja, o maestro por detras dos intelectuais orgânicos. A resposta é o Partido. “O partido seria, pois, uma espécie de encarnação daquilo que Jean-Jacques Rousseau chamou de la volonté generale, a ‘vontade geral’”, segundo Flávio Gordon. Assim concluímos que as funções de político e intelectual se confundem. “Que todos os membros de um partido político devam ser considerados intelectuais, eis uma afirmação que se pode prestar à ironia e à caricatura, contudo, se pensarmos bem, veremos que nada é mais exato”, diz Gramsci. Aqui fica claro a proposta de politização geral da vida, nada diferente do que ocorre no Brasil onde a morte de uma pessoa se torna palanque político. O interessante do livro do Flávio Gordon é que ele abordo exatamente o que o livro Maquiavel Pedagogo explana, que o marxista italiano procura criar um novo O Príncipe para os marxistas, onde o partido substituiria a figura do próprio príncipe. Isso ocorre principalmente nas escolas e universidades. Hannad Arendt também reflete sobre a crise educacional dos anos de 1950, onde a educação transformou-se em intrumento político. Ela atribui Rousseau como patrono dessa confusão. No Barsil essa figura esta simbolizada em Paulo Freire. Assim a política ganha cada vez mais ares pedagógicos. Com essa ideia, as palavras de Gramsci ganham clareza: “O moderno príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, na medida em que o seu desenvolvimento significa de fato que cada ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminosos, mas só na medida em que tem como ponto de referência o próprio moderno Príncipe e serve para acentuar o seu poder, ou contrastá-lo. O Príncipe toma lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma laicização completa de toda a vida e de todas as relações de costume”. Aqui fica mais uma vez claro que é proposta marxista substituir Deus pelo partido (não estranho observamos fanáticos e pregadores), assim como a de uma laicização completa da vida social, cabendo no conceito de religião política. O resultado disso já foi mostrado pela história na forma dos regimes totalitários modernos, notadamente o nazismo e o comunismo. Para esses regimes temos a frase: "O Estado permanece, e a família perece". Assim não temos uma ditadura política, mas uma reforma moral causada por uma intervenção ditatorial, ainda que discreta e indolor, do pensamento, principalmente nos jovens que ainda não possuem experimentação suficiente para afastar propostas como as de Gramsci. Portanto o consenso e a hegemonia devem ser formados em idades tenras, pois assim o objetivo final não seria a explicitação de divergências, mas a sua ocultação, afastando a consciência individual e submetendo a inteligência as vontades do moderno prícipe, o Partido. Arendt afirma que o jogo político deve ser para pessoas já educadas e experimentadas e que a endoutrinação apenas atende a movimentos revolucionários com tendências tirânicas. Agora percebe o quanto estamos vulneráveis com um MEC centralizador e concentrador de poder. Acredito que aqui já esta mais do que claro o motivo de tanta discussão na inclusão de determinadas pautas nos currículos escolares, como ideologia de gênero, educação sexual em classes mais juvenis, etc. Consequentemente, quanto mais o partido revolucionário conseque construir hegemonia, impondo sua direção intelectual e moral sobre a sociedade civil, menos se faz necessário o uso do aparato coercitivo da sociedade política (Estado, burocracia). Quando menso ação coercitiva da sociedade política, mais torna-se dispensável sua presença, assim chegamos a versão gramsciana da utopia marxista do "fim do Estado", o Comunismo.

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