AS VÍTIMAS DA CRIMINALIDADE SÃO IGUAIS - MARIELLE FRANCO

A SELETIVIDADE DA CONSCIÊNCIA

       Essa semana houve um crime marcante no Rio de Janeiro, cidade onde nasci. Nesta semana fiz 35 anos no dia 15 de março (um dia depois do crime), data a qual meu pai nunca me deixou esquecer porque foi a posse de Brizola como Governador do Estado do Rio de Janeiro. Vivi num bairro de classe média baixa que ficava situado entre duas favelas em guerra. Lembro até hoje quando fui comprar um sacolé na vizinha. Homens armados e encapuzados saindo de uma rua e entrando na nossa rua com armas na mão. Acredito ter entre 5 e 7 anos. Perguntava ao meu pai o porquê ele não tinha me deixado acabar de comprar o bendito sacolé de maracujá que a vizinha vendia, já que ele corria para casa comigo em seu colo. Cresci neste mesmo bairro do Rio de Janeiro e aqui ainda moro, só fiquei ausente por quatro anos da minha vida, um ano viajando e três morando em Salvador. Fiz bastantes amigos e perdi alguns e vi outros se machucando, dentre esses poucos perdidos e machucados a violência foi a forma mais comum de se explicar a vida no nosso bairro. Vi essa violência crescer ao longo desse tempo no Rio. Os discursos das soluções nunca mudaram! Educação, diminuição da desigualdade, Direitos Humanos, projetos financiados pelo Estado e por todo esse tempo só ouvi esse tipo de conversa. Meu pai dizia que antes de Brizola era melhor...
     

       Por todo tempo acreditei que a educação seria o melhor para curar as feridas da violência, mas com certeza a experiência mundana diz que não basta, pois me pergunto: Que tipo de educação? Será que estudando química, física e matemática iremos deixar de ser violentos? Mas percebi, que em uma aula de história, o professor vidrado falando sobre os jacobinos, passava certa glamourização da violência. Apresentava uma certa reverência aos revolucionários violentos e até apresentava ar de felicidade ao falar sobre a decapitação do Rio. Jovem, não sabia qual o impacto intelectual aquilo teria na minha vida. Contudo o tempo foi passado e os pontos começaram a ser ligados, hoje com um pensamento mais claro e formado percebi que estava sendo doutrinado. Esse mesmo professor promoveu um trabalho sobre o MST no mesmo período que passava a novela Rei do Gado, a mesma abordava o tema. Toda a escola teve um trabalho e, em certa ocasião, foi apresentada uma palestra com outro professor que visitava os assentamentos. Toda escola estava num terraço e este professor trouxe cartazes para auxiliar na explanação. Todos nós ouvíamos atentamente sentados no chão, todos espalhados de maneira que parecia, de fato, um assentamento. Mais uma vez vi meu professor, agora acompanhado, vibrar com certos posicionamentos. Conseguiam se esquivar de perguntas onde apareciam o termo "violência" e tentavam romantizar qualquer forma de violência que vinha do MST. Falavam sobre propriedade privada, organização sindical, luta, opressão, etc, etc, etc. Eu tinha 13 anos. Hoje tenho plena capacidade de saber que o sistema que cria 70.000 mil mortos por ano não se iniciou na Revolução Industrial, mas com as revoltas estudantis de 1968 que colocaram os marxistas ocidentais em patamares angelicais. A morte de todos aqueles amigos e conhecidos e de todos os brasileiros, bem como toda a violência sofrida por todos em nosso cotidiano está sobre efeito de algo lógico e inevitável de uma ação coerente pensada e implementada por uma intelligentsia gramsciana. O sonho desses intelectuais é transformar primeiro o Brasil em algo fragmentado por narco-terroristas, como a Colômbia, depois numa Cuba ou no "sucesso" Chinês.



          Apesar de toda essa história, percebi que apenas os amigos que possuíam uma moral ética judaico-cristã sobreviveram às influências do meio e à doutrinação, inclusive os enterros, o qual faço questão até hoje em não comparecer para não viver em angústia devido a finitude da vida e a percepção de comprovar sua fragilidade perante um marginal, meus amigos diziam que a mãe de alguém rezou pela alma do finado e por sua família para superar a perda. Rezavam pela justiça e para que o autor da atrocidade pudesse ser responsabilizado individualmente pelos seus atos e mesmo que a justiça falhasse, Deus estaria ali para confortar e fazer a sua justiça. Porém minha história não é isolada. Quando a mídia a o aparato escolar doutrinário justificam ações violentas, por parte de quem se sente marginalizado, em nome das circunstâncias deprimentes do nosso país, a coisa torna-se mais corriqueira e já não choca mais. O morticínio brasileiro tem caráter belicoso e sabemos que a situação não seria essa sem o crime organizado, alias não existiria crime organizado sem doutrinação ofertada por arcanjos (aladas e armados com ensinamento dos anjos marxistas de outrora) aos assaltantes de bancos que organizaram o Comando Vermelho e aos outros detentos que criaram o PCC "para reagir ao sistema" (depois chamam a direita de reacionária). 
           O discurso infectou todas as camadas do tecido social brasileiro. Para termos uma noção exata gostaria de mencionar um acontecimento desta mesma semana. O traficante Nem foi entrevistado pelo jornal El País e a esquerda brasileira adorou. O jornal chega a comentar que o traficante tinha filosofia pacifista (https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/13/politica/1520947959_760179.html), que votaria em Lula (https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2018/03/nem-da-rocinha-afirma-que-se-pudesse-votaria-em-lula.html) e virou especialista em Segurança Pública comentado sobre legalização das drogas e sobre a Intervenção Federal (https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2018/03/nem-da-rocinha-afirma-que-se-pudesse-votaria-em-lula.html). Nem precisaria comentar que os bandidos estão rindo da nossa cara. Continuarão rindo com essas políticas como o Estatuto do Desarmamento ou a Lei 13.497/2017 que torna crime hediondo o porte de armas de uso exclusivo. Alguém realmente acha que o marginal irá se curvar a essas leis. Mas a pior coisa no discurso é a proteção dos criminosos por um bando de alienados e descolados da realidade que acreditam em Rousseau e acham que bandidos nascem bons, mas o povo trabalhador, honesto e religioso é quem os corrompe. Esses arautos da virtude são criados nos mesmos moldes acadêmicos que passei. Hoje vivem e olham o mundo sob o filtro de uma ideologia arcaica e odienta que transforma pessoas em peças de xadrez para serem usadas e descartadas pelas conveniências do momento. Habitam diferentes setores como as redações de jornais e telejornais. Vejam um comentário do jornalista Jorge Pontual na GloboNews (parece que nenhum colega contou para ele que no Brasil são 70mil mortos por ano):

"Na Rússia muitos assassinatos ficam impunes. Não podemos deixar que no Brasil a morte de Marielle dê início a uma onda de impunidade."

           O jornalista deve desconhecer, ou fingir, que 90% dos homicídios ficam impunes e que sua pena pode ser de apenas 6 anos (homicídio simples). São necessário anos, décadas (talvez meus 35 anos), muito descaso e muito empenho para chegar a esses números. Marielle não foi a primeira vítima, inclusive morreram mais pessoas no mesmo dia. Um pai de 43 anos de idade morreu sob o olhar inocente de seu filho de 5 anos que gritou pelo pai até chegarem testemunhas. Não procurei saber sobre sua cor, raça, classe social ou qualquer estupidez dessas, pois me coloquei no lugar dele ja que tenho uma filha de 6 anos. Toda essa estupidez mencionada só fortalece a narrativa nefasta já comentada que alimenta os discursos oportunos como o de Gregório Duvivier (já retirado pelo mesmo em sua rede social): "Tiraram a vida de Marielle Franco. Assassinaram uma guerreira. Por ser negra, por ser mulher e por ser guerreira. Marielle dedicou sua vida à luta contra a injustiça e a barbárie. Isso não pode ficar assim. Não podemos nos calar.". Por favor Gregório, cale-se! Respeite a dor. O PSOL se organizou rapidamente em suas manifestações, assim como rapidamente solucionou o crime dando o entendimento de uma execução promovida por policiais. Nas manifestações cartazes de "o diabo veste farda" podiam ser vistos. Um evento no facebook foi criado com o seguinte título: "Marcha contra o genocídio negro! Somos Marielle. local: Botafogo Antifascista". A esquerda instrumentaliza o cadáver da vereadora não apenas para demonizar a intervenção federal na segurança, mas para colocar a própria instituição da Polícia Militar no banco dos réus, ainda que não se tenha qualquer prova ou evidência da autoria do crime. Vivem num paradoxo, onde ao mesmo tempo que querem culpados sem provas, querem inocentar Lula alegando não a inexistência de provas. Reclamaram da velocidade da resolução do caso sobre o Tripléx, mas querem velocidade na resolução no caso da vereadora. O pior está nas palavras de Marcelo Freixo: "o que muda colocar ele (bandido) no presídio?" (https://youtu.be/IcA-vNHMoDE). Freixo foi a televisão pedindo punição ao culpado pelo crime... Volto a pergunta: "o que muda colocar ele no presídio?". Gostaria de saber se o desejo do deputado seria reintegrar os culpados à sociedade, pois cheia não reeduca ninguém e eles são apenas seres humanos, vítimas da sociedade opressora e sem oportunidades! Vítimas do afeto capitalista! Gostaria de dizer que todo esse discurso rousseauniano esta errado e que a quase certeza da impunidade de assassinos num país da mais absoluta inversão de valores é o principal problema. Problema esse que é experimentado agora por esquerdista que estão passando por um choque de realidade, já que vivemos num Estado falido, onde não temos segurança e nem a possibilidade de se defender. A vereadora morreu porque a corrupção aqui é lei, com milícias, policiais sujos e bandidos unidos, mas todos protegidos pelo mesmo discurso que protege o condenado. Assim Marielle morreu porque seus assassinos sabem que a lei penal brasileira é leniente e não contem ninguém a cometer um crime. Ela morreu como os quase 70 mil brasileiros por ano, que não são reconhecidos pela mídia ou por grupos políticos e ideológicos. Esses brasileiros são esquecidos e abandonados por uma justiça que não funciona e uma população sem memória. Mas Marielle será lembrada, principalmente em cima de um palanque para fazer campanha, porque ela não é homem, branco, rico, cristão, heterossexual de olhos azuis e assim pouco importaria para o pelotão de lacradores, pois para eles o que vale é o ser humano com valor para causa. Essa genitália odiosa protege os bandidos como se fosse produto da pobreza, o que valeria dizer que todo cidadão pobre é criminoso, mostrando sua real faceta preconceituosa e elitista. Mostra ainda que essa gente não gosta de pessoas de carne e osso, que trabalha e pega ônibus, que come fritura com coca-cola e compra carne na promoção para fazer churrasquinho em casa no fim de semana. Esquerdista só gosta daquele que ele pode manipular para mostrar sua "bondade e afabilidade", não gosta daquele que se rende ao sistema capitalista, aquele que trabalha duro para obter conquistas, aquele que aceita que todos são diferentes um dos outros e que mesmo assim podem ser felizes com dignidade e respeito.



         É dessa maneira que a Vereadora Marielle Franco é mais uma vítima dessa trama demoníaca criada pela esquerda brasileira. A mesma foi vítima do que acreditava ser o certo. A morte dela não vale mais ou menos que outra. Foi uma vida tirada de forma escandalosa. Não por ela ser mulher, uma negra, uma lésbica ou qualquer coisa do tipo, mas por ser uma pessoa, um ser humano ofertado em sacrifício no altar da arrogância revolucionária da esquerda brasileira. Continuarei a fazer esse pequeno barulho para aqueles que gostem de ler o que escrevo para tentar levar alguma explicação sobre esse discurso doentio formulado com base nesta ideologia homicida e genocida a que ela devotou sua vida.

Comentários

  1. Concordo com o seu texto, exceto pela parte que diz que a Esquerda sofreu um choque de realidade. A Esquerda que fazia justiçamentos durante o embate com o regime militar e hoje é liderança dos partidos que asolam a nossa sociedade, a Esquerda que defende regimes genocidas como Cuba, Venezuela, e China que mataram centenas de milhões de pessoas no século passado. A Esquerda que ela mesma cometeu atentados terroristas em solo nacional, assassinando inocentes a sangue-frio em nome de uma agenda globalista traidora da sua própria pátria.

    Essa Esquerda está mais do que acostumada a ver as pessoas morrerem por causa deles diretamente, ou por causa deles indiretamente. Isso não foi de forma alguma um choque de realidade para eles porque isso é a realidade deles. Se qualquer coisa, isso foi um retorno ao lar para alguns.

    "The issue is never the issue. The issue is always revolution."

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    1. Concordo em gênero, número e grau. O que tentei abordar foi que a esquerda conseguiu ser vítima de seu próprio discurso, mas agora deseja velocidade nas investigações e punição para os bandidos. Coisa que ela luta contra contribuindo para mais recusais no Direito Penal e tratando bandido como vítima.

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